Fanfic - Beauty and the Beast (Capítulo 13 - O segredo da boneca)

13/09/2013 19:03

 

 Sua mente parou naquele momento. Eles já haviam sido bastantemente sinceros um com o outro durante aquela noite, inclusive ela já havia visto o professor transformado em lobisomem, e finalmente, ele decidiu assumi-la para todos. Sentiu-se na obrigação de lhe contar um grande segredo do seu passado, que do seu envolvimento com Zé Mario, restaram mais do que boas lembranças. Haviam tido uma filha. Risoleta aproximou-se de Aristóbulo e lhe deu um selinho, sentando-se na cama. O professor percebeu a mudança na amada. Ela deu um sorriso sem graça, pegando em sua mão e segurando-a junto à sua, no próprio colo – Professor, o senhor me contou coisas importantes sobre sua vida hoje, também vi o lado que o senhor sempre escondeu de todos... Além de a dona Pupu ter-me contato coisas significativas sobre a família de vocês que, eu me sinto na necessidade de lhe contar um segredo da minha vida, algo no qual eu me arrependo muito e que me dói até hoje... – Os olhos dela mudaram. Estava séria, e Aristóbulo sentia a tristeza em seu olhar e não gostara de ver a mulher que amava assim. Mas estava com medo. Medo de novas revelações do passado dela, e que talvez pudessem ser desabonadoras para ele, mais uma vez. Mas decidiu que iria ouvi-la. 
 
Mesmo após o incidente com o lobisomem, ela aceitou vê-lo e estavam ali, juntos na cama dela, e prestes a finalmente terem o momento de paixão e luxúria que tanto ansiavam. E ela lhe salvou no Centro Cívico, um ato digno de amor. Afastou aquele pensamento de um Aristóbulo de outrora, e se concentrou em saber no que sua amada necessitava lhe confessar – Peço que confie em mim, dona Risoleta. Prometo que não irei julgá-la, assim como a senhora não me julgou quando ocorreu o desinfeliz evento lobisomes... – Risoleta o cortou, sorrindo suavemente para ele. Tocou em seus lábios com a ponta dos dedos, evitando-o de terminar a frase – Não foi um evento desinfeliz, professor. Eu sempre desejei vê-lo transformado na fera. Mas peço que me deixe falar tudo, tudo, tudo. E que depois faça seu comentário, seja lá qual ele seja. Apenas peço que me ouça e que entenda que tudo que eu fiz foi apenasmente por medo – Risoleta suspirou. Aristóbulo já estava começando a ficar preocupado com aquela situação, mas desejou passar segurança para ela. Levou a mão até o rosto de Risoleta e o acariciou com carinho, sorrindo suavemente – Conte-me o que lhe atormenta tanto, dona Risoleta. Desejo muitíssimo ouvi-la. – Risoleta suspirou novamente, dessa vez mais forte, e finalmente começou – Eu lhe contei no salão sobre a minha vida como prostituta, a seu pedido. E lhe revelei que foi como prostituta que eu conheci o falecido filho daquele formiguento desgracento e nos apaixonamos. Zé Mário morreu numa emboscada armada pelos membros da família Vilar, e eu consegui escapar com vida, mas não fui a única quem conseguiu escapar. Eu estava grávida de nove meses, professor Aristóbulo. Eu e Zé Mario tivemos uma filha que nasceu logo após o pai morrer. A neta de Zico Rosado... A doce Stela? É minha filha. – Risoleta abaixou a cabeça, com lágrimas nos olhos. Ela apertava a mão do professor e ele sentiu gotas quentes caírem sobre ela. Risoleta estava chorando. Aristóbulo estava atônito com tudo que ela lhe revelara, não sabia como agir. Antes que pudesse pensar, Risoleta levantou a cabeça, com o rosto molhado de lágrimas, e continuou – Eu era jovem, apesar de ter vivido uma vida dura, difícil, no fundo eu era uma menina. A menina que tenho guardada em mim até hoje. Zico Rosado me ameaçou, me torturou e me perseguiu, disse que eu seria a próxima a morrer, que eu era um alvo fácil para eles, e que os Vilar certamente iriam matar o Rosado que eu carregava comigo. Eu estava sem dinheiro, sem o meu homem, a única pessoa que me ajudou e cuidou de mim na vida, eu estava desesperada. E com toda aquela maldita família Rosado atrás de mim. Zico encheu a minha cabeça, dizendo que Stela não sobreviveria comigo e que ambas poderiam morrer a qualquer momento. Disse que a minha filha seria um alvo fácil estando ao meu lado, que eu não poderia protegê-la dos Vilar. E ele estava certo, sabe? Eu não tinha nenhuma condição de cria-la. Eu dei a minha filha aos cuidados dos Rosado e Zico me deu dinheiro para que eu sumisse de Bole-Bole, com a promessa de que nunca mais iria voltar para ver Stela. Mas, entenda, eu sou mãe, aquela menininha saiu de dentro de mim, e é impossível não amá-la. Eu estava confusa, eu errei muito em fazer tudo o que eu fiz e se existe um perdão nessa vida, eu imploro por ele todos os dias. Desde daquele maldito dia, eu me amaldiçoo por ter feito o que fiz, mas foi por medo, por mim, pela minha criança, e apenasmente para tentar dar a ela um futuro que eu jamais poderia dar naquela época. Eu voltei a Bole-Bole para rever a minha menina, e lhe contar que a sua mãe não morreu no parto como todos contam. Acho que agora não existem mais segredos da minha parte com o senhor, professor Aristóbulo – Risoleta estava em prantos. Depois de tanto falar e falar, estava com falta de ar. O rosto inchado, vermelho e quente pelas lágrimas que derramara. A mão de Aristóbulo também estava molhada de tantas lágrimas que Risoleta derramara. Ela pendeu o corpo para trás, estava tendo um espasmo de nervoso. Aristóbulo a envolveu pela cintura, trazendo o corpo dela para seu colo, deitando-a delicadamente enquanto apoiava a cabeça dela em seu peito. Ela estava trêmula. O professor envolveu seus braços em volta de Risoleta, sem saber o que lhe dizer. Ele amava aquela mulher demais, mas ela tinha tantos segredos! Ela lhe dissera que não havia mais segredos da parte dela com ele, e isso o aliviou por dentro. Dessa vez, foi Aristóbulo quem suspirou, pesadamente. Estava confuso, mas jamais poderia julgá-la. Depois de tudo que Risoleta contou por confiar nele, sabia que apenasmente poderia amar ainda mais aquela mulher que já sofrera tanto na vida, assim como ele. Ver a mulher que tanto lhe fascinara, caída em seus braços, desabando de tristeza no seu colo lhe era uma visão aterradora. Finalmente percebera que Risoleta nunca fora uma mulher qualquer, e agora entendia o porquê. Afastou os cabelos dela que estavam no rosto, apertando-a entre seus braços – Não pense em nada agora, dona Risoleta. Não irei julgá-la por seus erros no passado, pois eu também tenho as minhas penas. E pior, não posso vê-la assim. Qualquer julgamento desaparece ao ver a senhora nesse estado tão doloroso, me sinto impotente em não poder ajuda-la totalmente... – Risoleta roçou o rosto no peito dele, levando a mão até seu peito – Obrigada, professor. Muito... obrigada. Se deseja tanto me ajudar, então passe essa noite aqui comigo, passe? Preciso do senhor ao meu lado essa noite, professor Aristóbulo – Ele sorriu, e beijou os lábios dela. Foi um beijo tranquilo, demorado e suave, cheio de ternura. Se Risoleta pedisse, ele passaria a vida inteira ao lado dela. Era só ela pedir. Mas a paz que reinava entre eles e todo o sentimento de cumplicidade fora interrompido pelas badaladas do sino da capela. Esquecemo-nos de comentar de que hoje era quinta-feira. Noite de quinta para sexta-feira. Os olhos do professor arregalaram-se, e ele se lembrou do que, pelo calor e a ternura do momento, havia se esquecido. Aristóbulo colocou Risoleta quase que desajeitadamente na cama, e levantou-se, rápido – Eu, eu preciso ir agora, dona Risoleta. Por favor, eu peço imensamente que me perdoe por deixa-la num momento como esse, mas eu necessito ir, a senhora entende, não entende? – Aristóbulo estava apreensivo. Não tanto pela transformação, mas pelo medo de correr o risco de machuca-la novamente – NÃO! Não professor, por favor! Não essa noite, eu te peço! Eu já lhe vi transformado na fera, não precisa mais fugir de mim, não resista a mim, professor, por favor! – Ele se aproximou dela, com tristeza nos olhos. Olhou por alguns segundos para o ferimento dela coberto, e Risoleta entendeu o pavor dele de desejar sair dali o mais rápido possível – Me perdoe, mas eu não aguentaria lhe machucar novamente, dona Risoleta. Eu preciso ir, amanhã, quando estiver melhor, eu volto – Aristóbulo beijou-lhe rapidamente, enquanto os lábios de Risoleta ainda paravam no ar. Foi um toque tão rápido que ela nem percebeu direito quando o professor pulou desesperadamente a janela de seu quarto. Chegou até a sacada com dificuldade, pois ainda estava com o corpo tremulo, mas pôde ouvir claramente os uivos solitários do seu lobisomem. Risoleta desejara tanto que o professor passasse essa noite com ela. Porém, mais uma noite se vai e eles não conseguem consumir o seu desejo um do outro. A mulher se pergunta, escorada na janela da sacada, se um dia conseguirá entregar-se plenamente ao professor Aristóbulo, sentir seus lábios, sua língua sobre sua pele. O calor do corpo nu dele junto ao seu. Foi desperta do seu desejo pelo vulto do lobisomem ao longe e um uivo quase que desesperador, quase como um chamado. Risoleta tinha a sensação de que o professor lobisomem a chamava no silencio da noite para partilhar da sua maldição. 
Crie um site grátis Webnode