Fanfic - Beauty and the Beast (Capítulo 08 - Uma visita inesperada)
Risoleta estava em dívida com Dona Pupu desde sua última visita. Apesar de estar bastantamente magoada com o professor, ela sentia um carinho tão especial pelos pais dele que não conseguia se afastar. Era de tarde, e a dona da pensão levara um bolo de chocolate com cenoura para a mãe de seu amado – Minha querida! Ah, não sabe o quanto me deixa feliz em ver seu rosto novamente! Vamos, entre logo, Risoleta! – Da mesma maneira que Risoleta, Dona Pupu também a adorava. Aristóbulo nunca mais namorou outra moça depois de Adélia, mas Pupu gostava ainda mais de Risoleta do que da antiga namorada de seu “neném”. Ela realmente desejava que ficassem juntos – Muito obrigada, Dona Pupu. Eu estava com saudades da senhora e do seu Belisário, e trouxe para vocês um bolo que fiz com todo carinho – A mulher abraçou Pupu, com muito amor. As duas entraram até a sala de visitas, e a cabeça de Belisário deu um sorrisinho para Risoleta, pois até ele a dona da pensão já havia conquistado – É... Então... Tem mais gente aqui, Dona Pupu? – Risoleta se referia ao professor e Marcina. A garota estava trancada no quarto, e Aristóbulo estava prestes a terminar o expediente na repartição. Mas Pupu mentiu – Não, minha querida. Não tem ninguém em casa além de mim, do Belisário e dos gatos, que você já sabe... Somem quando as visitas chegam! – Elas deram risada juntas. Risoleta contou por alto as últimas coisas que passara com Aristóbulo, e mais uma vez Dona Pupu a questionara se o amava. No fundo, Risoleta sabia que sim. Assim como Pupu sabia o quanto ambos eram apaixonados um pelo outro.
Não deu tempo de Risoleta lhe confirmar o que Pupu já sabia – Mamãe! A senhora tirou o papai do quarto novamente?! Já não basta a menina estar assustada de estar nessa casa, a senhora ainda faz com que a pobre senhorita Marcina se assuste mais?! – Aristóbulo havia chegado um pouco mais cedo do que o costume. Também já não trabalhava tão bem, por conta de tudo que passara com Risoleta. Dona Pupu deu um sorriso de vitória com o encontro dos dois, e ambos não poderiam deixar de se surpreender com aquele encontro não previsto – Professor Aristóbulo... – Risoleta abriu um sorriso. Pensara que num próximo encontro entre eles, certamente lhe diria muitas coisas ruins e que também o magoariam. Mas toda a vez que falava com ele, que ouvia a sua voz, era inevitável que seus sentimentos falassem mais alto do que qualquer mágoa – Dona Risoleta, é uma surpresa deverasmente boa vê-la aqui... – Os olhos dele tinham vida agora, tinham brilho. E os dela também. Ficara feliz de ver que ele não se importara mais com a sua presença dentro da casa, como da primeira vez – Obrigada, professor. Eu vim visitar a Dona Pupu e seu Belisário, estava com saudades... Mas acho que já vou embora... – Risoleta tentou sair apressada. Estar perto dele fazia lembrar-se ainda mais dos seus sentimentos. Mas Aristóbulo foi ao seu encontro, estava morto de saudades dela. Desejava estar perto dela, nem que fosse por um segundo, apenasmente para sentir o seu perfume e olhar nos seus olhos – Fico feliz mesmo que esteja aqui... – O professor tocou suavemente o rosto da amada, como na vez em que Risoleta estava adormecida no consultório do Dr. Rochinha e ele velara seu sono. Aproximou-se um pouco mais e sentiu o aroma que vinha de sua pele – É bom vê-lo – Foi tudo que conseguiu dizer. A presença dele tão perto assim a deixava ainda mais perdida. Era como se seu sentimento por ele nunca diminuísse, apesar das mágoas. Mas, nesse instante, Marcina observava a cena do alto da escada – Dona Risoleta? O que está acontecendo?
A garota perguntara mais por curiosidade do que ciúmes. Depois da noite que Aristóbulo quase lhe confessou ser apaixonado por alguém e que não poderia estar com essa pessoa, a “menina lança-chamas” passou a ficar bastantemente curiosa a respeito. Queria perguntar à Dona Pupu, mas se sentia como uma estranha naquela casa – Senhorita Marcina! – Aristóbulo se assustou. Risoleta sentiu-se mal com toda aquela situação, e lembrou-se da noite passada. Por um momento sentiu-se como “a outra”, a amante. E de fato, por alguns momentos da noite anterior ela foi de fato. Decidiu partir, despedindo-se rapidamente de Dona Pupu – Acho melhor eu ir embora, obrigada pela conversa, Dona Pupu, seu Belisário... – Deu um leve sorriso, constrangida – Marcina, não se preocupe com minha presença. Cuide bem de todos aqui... – Na realidade, ela queria se referir à Aristóbulo, mas não tivera a coragem necessária para tal – Dona Risoleta! – O professor tentou inutilmente preservar a presença dela por mais alguns minutos – Adeus, professor Aristóbulo – Risoleta sai apressada, e ele se joga pesadamente no sofá ao lado da mãe. Realmente, a presença ou não de Marcina naquela casa nem era percebida. A garota conseguiu compreender quem era a pessoa na qual Aristóbulo falou noite passada com amor e também com tanta mágoa; entendeu que Aristóbulo Camargo é apaixonado por Risoleta. Marcina decidiu então revelar a verdade para ele, numa tentativa de ajudar uma pessoa que aos poucos foi se tornando seu grande amigo.